domingo, 31 de janeiro de 2010



Grita meu nome e me diz “vem”.
Me diz coisas sobre a imensidão dessa cama de noventa, e que não agüentas mais olhar pro céu todas as vezes que ouves um avião passar, pra fantasiar que seria tão bom que ele me estivesse levando para ti, e imaginas teu coração disparar pelos passos corridos até o saguão do Ceará e esperar por alguém que no final não chegou. Enquanto eu aqui fico acordanda pela manhã, refazendo teu caminho mentalmente, imaginando a sorte que tem aquela mulatinha que te cumprimenta todos os dias ao te ver passar, e como toda a via lactea e o teatro municipal se tornam mais bonitos quando tu passas diante deles, como se banhassem em cores e recebessem um foco de luz tão forte quanto o farol da Torre de Hércules. É como se tu mudasses os caminhos por onde andas. E eu sei que você vai dizer que é um pouco de exagero meu, e que faço uso poético, mas é que te imagino assim, porque desde o dia em que chegaste a minha escuridão você me encheu de luz. O que estava morto voltou a viver e o meu pessimismo crônico passou a receber injeções de otimismo concentrado.
Eu tenho que confessar que depois que o vento passou sem dó e eu caí do pé, deixei de acreditar nessa coisa de amor, e mesmo sustentando um discurso de que sim, não - eu já não acreditava mais. Nessa época o amor pra mim significava dor, desprezo, um dar sem receber. Pensava que não era coisa pra mim, e não porque eu não pudesse dar, mas porque eu deixei de acreditar que houvesse alguém que eu pudesse amar e que pudesse me amar também. Até que tu chegaste e eu te ouvi dizer pra eu começar a me acostumar com a idéia de ser amada também. Portando-se feito fosse minha recompensa.
Ah, se eu soubesse que quando eu plantava dor era pra colher você!
Diz pra mim que sabes que a minha sede se sacia à tua beira.
Diz que sou tua, só tua e de mais ninguém. Senta e come, porque valeu a pena preparar um banquete mesmo sem saber se tu chegarias ou não. Chegaste. Sacia-te pois.
Eu também não imaginava que era assim tão bom e tão sereno ao mesmo tempo. Eu que passei a segunda parte de um século contemplando a sorte, hoje sinto que ela me contemplou também.
És a resposta que eu tive da vida quando a desafiei sobre se valia à pena seguir acreditando nisso que eu chamava fábula, e que hoje enche o meu peito, como se em mim batessem mil corações.


Prepara um abraço apertado que eu estou chegando! :)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010



Principe:


Tenho aprendido sobre alguns dos teus limites, teus métodos, teus gostos e tuas manias, e tenho me apaixonado um pouco mais a cada dia por cada uma deles.
Me acostumei a lembrar do teu rosto toda vez que escuto alguém dizer a palavra Amor... E a sorrir também, mas nem sempre deixo que percebam. Já me acostumei com a tua cabeça apoiada detrás do meu ombro na hora de dormir mesmo sem ela nunca ter se encostado em meu ombro. Me acostumei a ser o teu par, tua cúmplice, o teu amor, tua menina, a tua morena. Me acostumarei a correr pras estações pra te buscar, a colecionar dezenas de horários de, ônibus e trens futuramente. E depois que nos vermos eu sei que será difícil.
Mais acostumei com tanta coisa, meu bem, mas essa noite vai ser tão difícil dormir sem ti, porque ainda não me acostumei, e na realidade não pretendo me acostumar, com a idéia de ter que estar sempre-sempre me despedindo de ti, sempre de mãos atadas e tendo que te ver voltar pra teu lar, e eu permanecer aqui, levando a vida, esperando pelo dia que possas regressar outra vez.
Tenho que confessar que dói sim, senhores, mas que na verdade doeria muito mais não ter dele todo o afeto que tenho. A dor que mata é a dor do desamor. Mas essa não mata, me faz querer viver.
Porque eu sei que eu vou guardada dentro de ti por onde você for, guardada como se fosse uma obra de arte dessas bem valiosas, e tu meu principe, tu aqui vais ficar, a tua marca e o teu espaço na minha vida, teus passos nas ruas vazias, o cheiro teu na minha pele, meu peito cheios, inundados de ti. Submersos em ti e na falta que fazes. Porque quando não estás aqui o frio é de morte. E se antes eu não tinha assim tanta razão pra querer conseguir algo, hoje eu tenho um sonho, e sonho em estar em paz ao teu lado, sem a maldade desses - serão - 10 insuportáveis quilômetros que me detonaram toda vez que terei que voltar pra casa sem ti. Esses terríveis 10 quilômetros que estão me injetando esperança e força pra que no próximo outono os estilhacemos em cacos bem pequenos, e que tudo esteja bem.
Desejo-nos sorte. Deseje-nos sorte também.
E diz pra mim que tu também sonhas com isso e me enche assim de ânimo pra lutar ainda mais pela possibilidade que existe, mas que eu sei que não vai ser tão fácil de conquistar.
Sonho tem peso de sonho, e tudo que é bom, pra ser conseguido precisa ser batalhado, por isso eu não vou parar, não vou desistir.
Diz pra mim que acreditas tanto quanto eu pra que eu siga acreditando também, me diz que vamos conseguir, e que haverá um bom futuro e que ele é nosso.

Vou atrás dele.
Vem comigo?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Prosa de prosa...




Eu me sinto feliz contigo, a mulher mais feliz do mundo quando fechas os teus olhos e a tua voz diz todas as coisas que o teu corpo quer dizer, e que você sabe que eu adoro ouvir. Eu gosto quando sobre mim descansas, te recompões. Te abraço forte pra que sejas completo, beijo a tua testa pra demonstrar todo o meu carinho, te ofereço o meu peito pra que descansasses no teu sono e me sinto radiante assim.
Eu coleciono horas pasmanda e olhando os teus olhos grises, ora verdes, outrora castanhos e gravo o teu rosto na minha memória porque ainda vivemos dias que temos que aceitar a despedida.
Eu abracei as tuas costas e beijei a tua nuca, eu te passei todo o amor e ouvi as tuas historias, teus pontos de vista, tuas conclusões. Eu leio teus livros e as tuas anotações de lápis me parecem mais interessantes do que a própria historia; eu me perco em ti.
Eu me apaixonei por ti, meu bem, e me apaixonei por todo o teu mundo.
Eu finjo pra mim mesma que o tempo passa rápido e trato semanas como quem trata horas só pra não doer, mas se dói, quando te vejo tudo já fica bem outra vez.
Eu vou ao teu encontro ainda com o coração saltando de alegria, as mãos suando e a barriga congelada por dentro, e ao te ver, o resto do mundo perde a toda a importância no mesmo segundo.
Eu levei uma peça de roupa miúda tua e me senti tão segura, e achei tão bonito isso, mas me calei.
Eu me sinto tranqüila porque o nosso partido não é um coração partido, e a nossa novela não é um dramalhão mexicano, cheio de dores e golpes, de mentiras, de malícias. E eu peço à sorte que os nossos ânimos nos conservem assim.
És a minha sorte, és o meu desejo de ser a melhor pessoa que eu possa ser, e também és pra mim a melhor coisa que tive. Entraste em mim e curaste cada uma das feridas que de noite vinham transformar meu travesseiro em pedra.
Eu gosto tanto de saber que vivo em ti e tu em mim.
Eu gosto tanto de ti...
Essa despedida é inventada todos os dia
Eu não aprendir dizer a deus a nós....


Ele virá.
Não sei se o detalhe de saber o exato dia em que ele virá me ajuda ou me consome. Ao menos eu sei que ele virá e que quando ele chegar a ansiedade vai esvair-se pelos poros das minhas mãos quando encontrarem as mãos dele. E aí o meu coração vai poder sair desse estado de suspense constante, e as minhas unhas voltarão a crescer.
Quando ele vier, virá com ele o meu sorriso incontido, e lhe entregarei numa caixa todos os beijos que acumulei por esses dias que não pude encontrá-lo, e os meus braços vão ser pequenos demais pra todos abraços que guardei, e que a ele –só a ele pertencem.